29 junho 2005

Foi como se asas brotassem das minhas costas, enorme, e assim andei pela rua.
Asas, não sei se de plumas ou de borboleta.
Não voei, mas poderia se quisesse, elas estavam ali mas só as veria quem vê minh'alma.

23 junho 2005

Não cabe a mim sentir ou julgar ou querer ou chorar,
Não me pertence,
Não me compete,
"Não te intromete"

21 junho 2005

Aos poucos a mão que afagava meu cabelo vai cessando o movimento e o braço que a sustenta pesa sobre meu ombro. Nesse momento, imóvel, sinto como se coisa alguma na face da Terra me pudesse fazer mal. Estou protegida. Almejo que o tempo pare. (Isto certamente não vai acontecer.) Respiro profundamente, talvez ao menos no meu peito fique gravada esta sensação de serena plenitude.
Um tremor! (Sssssshhhhhhh, ta tudo bem.)
A mão volta a afagar meu cabelo. Suspiro, já não comando meus pensamentos em sonolento turbilhão: "...Que cheiro bom! Ah, meu Deus. Por que tu não dormes? Se eu doar sangue hoje a pessoa que o receber vai se sentir tão bem quanto me sinto agora? Deixa eu segurar a tua mão..."
Amanhece.

07 junho 2005

Para Karine!

Ontem andava eu pela rua fazendo considerações sobre meu estado de espírito e me ocorreu que ele estivesse da cor da minha camiseta, que era preta. Então pensei na Karine (por favor não se aborreça por ser citada), ela não vê com os olhos, vê com as mãos, com a alma, com o coração. Fiquei imaginando que esta era a melhor forma de falar sobre cores para ela, como eu sinto cada cor. Nesse momento eu passava por um plátano, árvore que nesta época é um espetáculo de cor. Traduzindo para sentimento vi que é como poesia, não poesia como “O Corvo” (nada contra), poesia de música bonita, aquelas que enchem o coração de calor.

Karine, azul claro; azul claro é como sentir o calor do sol na pele e o cheiro do mundo pegando sol, é morno. No entanto quando ele se mistura com o roxo e com o cinza, é como uma tempestade que se arma, aquele vento repentino, forte, que leva os cabelos para todos os lados e com cheiro de “vai chover logo e a terra vai se refrescar”. Parece um tanto aterrador não? A verdade é que depois cada árvore brilha no esplendor do seu verde maluco (que a gente até esquece que existe por conta da poluição e poeira) e eu volto a acreditar que a cidade é um ser vivo, com esperança de sobreviver, que respira por instante, por poucos que sejam, ar puro, livre de todo o negro da poluição.

A propósito, esta era a cor do meu estado de espírito no início, eu estava triste, me sentia vazia e só. Mas não pense mal desta cor, ela tem toda uma beleza, mas isso eu conto outro dia...

06 junho 2005

E estou eu aqui debulhando me em lágrimas por que sei que alguém gosta de mim.
Leio blogs alheios e tenho reações físicas às angústias que ali se apresentam, uma sensação de impotência me toma: "Não tem nada que eu possa fazer por ti?". Aparentemente não, o que se passa na cabeça de quem me refiro só se apresenta num plano do qual a princípio não faço parte, o plano virtual.
To viajando muito? Então, por favor, me cortem!